Nada melhor para abrir esse post, com esse tema.
Depois de ler na revista Mundo dos Super Heróis a declaração de Joe Bennett sobre a reformulação da DC: "Se tem 30 anos vá ler algo para sua idade e obrigado por tudo". Pensei em minha inadequação aos 44 anos, ser ainda leitor e fã de quadrinhos.
Pensei em como comecei a ler quadrinhos, aos 5 anos de idade, onde meu pai lia para mim revistas do homem aranha e Superman, pela antiga e maravilhosa editora EBAL, e meu deslumbramento com esse mundo de pessoas voadoras que lutavam pelo bem e pela justiça. De tanto gostar, e com o incentivo de meu pai, acabei aprendendo a ler, praticamente sozinho, e lembro-me até hoje, que a primeira revista em que comecei realmente a ler foi uma revista do Homem Aranha. E da minha alegria eufórica ao mostrar para meu pai quando ele chegou do trabalho que eu tinha "aprendido" a ler.
Pronto, eu tinha sido "contaminado" com o mundo dos quadrinhos de super-heróis. Nunca gostei dos personagens da Disney; Gostava da Turma da Mônica, Recruta Zero e outros personagens cômicos, mas minha paixão eram os super heróis.
Lembro-me de que a 8ª arte me proporcionou conhecimentos muito além do que as escolas ensinavam e muito além de que meus colegas aos 8, 10, 12 anos sabiam. Eu era um nerd e não sabia.
Com os quadrinhos, aprendi muita coisa. História, Geografia, conceitos de Fisica, Química e Biologia, Filosofia, Teologia, Mitologia, Mecânica Quântica, Ficção Científica, Psicologia, Antropologia, Questões sociais, Ética, Moral.
Isso sem falar que devido a ler muito, era um ótimo leitor, adorava a matéria de língua portuguesa e sempre ia muito bem. Era um dos melhores da classe. Também havia o inglês. Pois quando me deparei com uma revista original em inglês dos vingadores em uma banca de revistas usadas, quase "pirei". Juntei a mesada de semanas para poder comprá-la e tentar entender o que os textos diziam. E pude ver pela primeira vez os nomes originais de meus heróis. Fiquei em transe.
E esse fato me deixou ávido por saber ao menos o suficiente na língua inglesa, para que eu pudesse entender o que acontecia na estória.
Os quadrinhos de super-heróis me davam uma vantagem sobre meus colegas na escola, pois eu me interessava pelas coisas que lia e depois pesquisava e acabava aprendendo muito...sobre tudo.
Os quadrinhos de super heróis ajudaram a formar quem eu sou hoje. Meus padrões éticos e morais foram "impregnados" com o idealismo do Capitão América, A nobreza do Thor, A força de vontade e a "futurismologia" de Tony Stark, A fé e a esperança no ser humano de Matt Murdock, entre outros.
Ao menos gosto de pensar assim.
E penso em milhões de "leitores antigos" como eu (e mesmo jovens) que talvez nunca pensaram nesses termos, mas mesmo assim, não podem viver sem a MARVEL OU A DC e nem sabem direito por quê. Sabem apenas que gostam. E que se divertem tanto quanto com qualquer outro HOBBY.
Outro dia estava lendo o blog multiversodc, onde vi outro babaca falar mal de quem gosta de ler quadrinhos de super-heróis. E de que não temos mais 10 anos para ler esse tipo de coisa.
Acontece, que o ignorante não consegue ver que quem lê quadrinhos, também lê outras coisas. Também lê filosofia, política, sociologia, literatura, ciência. Enquanto ele, provavelmente nunca leu Marx, nem Aristóteles.
Para uma pessoa assim, provavelmente o que ele considera diversão para um ser humano adulto seja encher a cara de alcool, usar drogas, dirigir embriagado, torcer para algum time de futebol idiota (Não que eu não goste de futebol, só gosto mais de quadrinhos; E não brigo com ninguém por causa de times de futebol, onde a maioria dos pernas-de-pau não jogam nada e ganham muito bem às custas dos torcedores fanáticos). Provavelmente esse indivíduo prefira assistir a novelas (e da Globo ainda por cima), mostrando que não sabe nada sobre essa emissora e o mal que ela fez e faz à toda a sociedade;
Pois eu me orgulho de ser um leitor de quadrinhos de super-heróis. E até já criei os meus próprios. Acho, aliás, que todo grande fã provavelmente um dia já tentou criar o seu personagem. Ou personagens.
Orgulho-me de pensar e esperar por um mundo melhor, onde tentamos dar o melhor de nós mesmos em benefício da sociedade. Orgulho-me de pensar em ajudar o próximo e a desejar a justiça. Orgulho-me de pensar que luto contra as injustiças e que sou um guardião do bem. Mesmo sem super poderes. Apenas o maior de todos os poderes. A vontade.
Mas admito que um anel dos Guardiães ajudaria muito...
